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25 de dez. de 2011

Feliz Natal de um extremo ao outro


Natal significa nascimento. Obvio! Mas nascimento de quem?

O Menino Jesus nasceu no dia de hoje. E um pouquinho dessa história todo mundo sabe, ou pelo menos lembra vagamente de palavras associadas a este nascimento, como: manjedoura, anjos, estrela guia e reis magos. Ele não entregava presente porque nasceu pobre, de família pobre e numa estribaria paupérrima emprestada, porém, recebeu os melhores presentes que se poderia dar a alguém naquela época (ouro, incenso e mirra de três magos, não do Noel). Então, todos que preservam o natalício do Menino Jesus, decidiram determinar uma data específica para comemoração, porque verdade seja dita, ele não deve ter nascido no dia 25 de dezembro, mas este foi o dia que o povo eclesiástico cristão convencionou comemorá-lo.

No outro extremo, com conceito comemorativo iniciado muito, muito tempo depois, vem o Bom Velhinho, mais popularmente conhecido como Papai Noel e em torno do qual, também gira uma considerável quantidade de explicações possíveis para o seu surgimento – não nascimento – dizem que surgiu da história de São Nicolau “popubanalizada”, outros dizem ser obra da Coca-Cola, e alguns ainda, como eu, dizem ter sido esta segunda que estilizou a figura do primeiro. Outra coisa bem perceptível é que em torno do velhinho gira uma considerável quantia em dinheiro. Diferentemente do “menino” nascido, o bom “velho” inventado é o oposto extremo daquele; não recebe, mas entrega presentes, não é visitado, visita seus adeptos e ao invés de ter nascido pobre e recebido glória, surgiu rico (presente custa dinheiro) e curiosamente terminou, na sempre suja chaminé.

Durante o curso do tempo, na tentativa de mesclar ambos os conceitos opostos na história, presenciamos verdadeiras aberrações, tentativas precipitadas de sincretismo e até conflitos entre os grupos de interesse de um e de outro. Como o mundo é o que é, e o dinheiro significa o que sabemos que significa, não sobrou muito espaço para o menino pobre neste tempo, ao pa$$o que , para o Papai do trenó encantado, todo espaço e atenção, inclusive dos defensores do pobrezinho dono da festa. No fim das contas, ou melhor, da comparação, podemos concluir: a única realidade em comum entre estes personagens, que o mundo faz esforço “antifísico” para que ocupem o mesmo lugar no espaço de 24h do dia 25 de dezembro, são os presentes. Presentes envolventes, envolvidos por papel e sentimentos, que recebemos e entregamos, assim nos assemelhando aos dois extremos de um Feliz Natal contemporâneo. Não?

Apesar de acreditar que ambos os estilos natalinos possam conviver em harmonia, existe uma música antiga que retrata bem o paradoxal conflito (1997):

Papai Noel Velho Batuta

Garotos Podres

Papai Noel velho batuta
Rejeita os miseráveis
Eu quero matá-lo
Aquele porco capitalista
Presenteia os ricos
E cospe nos pobres
Presenteia os ricos
E cospe nos pobres
Pobres, pobres
Mas nós vamos sequestrá-lo
E vamos matá-lo
Por quê?
Aqui não existe natal
Aqui não existe natal
Aqui não existe natal
Aqui não existe natal
Por quê?
Papai Noel velho batuta
Rejeita os miseráveis
Eu quero matá-lo
Aquele porco capitalista
Presenteia os ricos
E cospe nos pobres
Presenteia os ricos
E cospe nos pobres



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